Bons vinte anos se passaram, desde que ví uma apresentação de slides de um alemão que cruzara a Mongólia com um 4x4. Foi o meu primeiro contato com este país. Alguns anos mais tarde, assisti documentários e finalmente a conheci a maluquice do Mongol Rally, uma corrida maluca que poderia de alguma maneira viabilizar uma viagem por terra pelo país.
Lembro como se fosse hoje, das imagens projetadas a partir de fabulosos slides 6x6. Planícies infinitas, céu azul com fabulosas nuvens e uma grama curta colorindo a paisagem num verde-amarelado.
Fico feliz em contar que todas as expectativas foram alcançadas! A paisagem é fabulosa e viajar pelas planícies é encantador.
Quanto aos caminhos que cortam o país; seu estado é inversamente proporcional a beleza da paisagem! Horríveis.
Os primeiros 70 km nos deram uma idéia do que virá pela frente pelos próximos 1600 a 2000 km. Costelas de vaca tremem nosso velho Citroën violentamente. Ainda assim, enxergamos esta dificuldade com muito humor, ao final, ficarão as histórias, terminando ou não a viagem à bordo do mesmo carro.
Aproveitamos todo um dia para nos abastecer e descansar em Olgii, a maior cidade do oeste do país, compramos cartões com 5GB de dados para nossos iPhones, para encontrar os amigos brazucas do DayTripers e atualizar o blog, caminhamos bastante e aproveitamos para perguntar sobre as estradas e melhores caminhos.
O contraste das iurtas (yurts), tradicional cabana em forma circular carregadas pelos nômades, contrasta com o crescimento das cidades e sua impecável infraestrutura de comunicação. Em menos de 3 minutos compramos 3 cartões para iPhone, sem qualquer apresentação de documentos ou burocracia e cada um deles por R$ 30. Casas novas, iurtas e smartphones convivem lado a lado em absoluta paz.
Olgii é uma cidade bastante diferente de tudo que já vi. Pela sua proximidade ao Cazaquistão, Rússia e China, é uma pequena babilônia. Predominante mesmo são os cossacos, mas tudo sempre está escrito em russo ou mongol. Logo, escuta-se dos minaretes das mesquitas da cidade, as cinco preces do dia tradicionais no islamismo. Tudo confere a cidade um ar totalmente diferente, inclusive na culinária, conde kebab é o prato tradicional.
Em Olgii é impossível não ser notado, todos falam “hello” a cada passo que se dá. No começo um pouco perturbador, mas depois acaba-se acostumando. Isso quando não lhe param para um aperto de mão…
A cidade é banhada um um rio, que confere a vida a cidade. Não muito limpo, mas suficiente para pescaria, ainda que tenha visto as pessoas devolverem os peixes que pescaram.
As ruas de Olgii são empoeiradas e o vento quando sopra, transforma o clima da cidade num “nublado” de areia fina. Muitas pessoas aqui usam respiradores de forma a evitar a inalação da poeira.
A comunicação é bastante divertida. Aprendemos algumas palavras, mas nunca se sabe que língua falam. A mímica é a saída!
Falta um cobertor no quarto? Sem problemas! Basta levar um deles até o responsável, apontar e fazer com a mão o sinal de “1”.
Neste momento partimos pela rota sul, a mais tranquila delas em direção a capital. Dormiremos onde for bonito ou necessário. Camping deve ser nossa alternativa por alguns dias.
Que o nosso Citroën aguente bem o caminho!
Abraços
Clemente